quinta-feira, 29 de março de 2012

Eu queria dizer que te amo...

Eu queria dizer que te amo.
Te lembrar de que sinto saudades,
que imagino como seria se tivesse convivido
suficiente com você

Queria ignorar que o telefone não toca,
cartas não chegam, fotos não bastam
Queria saber como anda você.

Queria dizer sempre e mais uma vez
o quão especial você sempre foi,
o que a ausência não é capaz de apagar...

Eu só queria te lembrar que eu te amo.
Mas não sei se aguentaria receber apenas
mais um Eu Também
E nada mais,
nunca mais.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Se Passa Adiante

"Recentemente fui à cidade e peguei um táxi com um amigo meu. Quando chegamos, meu amigo disse para o motorista: “Muito obrigado, você guia muito bem.”
O motorista do táxi ficou estupefato, por um segundo. Então, disse: “Está querendo me gozar, meu chapa?”
“Não, meu caro, de jeito nenhum. Admiro a forma como você consegue ficar calmo no meio desse trânsito todo.”
“Falou”, disse o motorista, e foi embora.
“Mas, que conversa era essa?!” indaguei, meio perplexo.
“Estou tentando trazer o amor de volta”, disse ele. “É a única coisa que pode salvar essa cidade.”
“E como é que um homem só, pode salvar essa cidade?”
“Não é um homem só. Acho que fiz esse motorista de táxi ganhar o dia. Suponha que ele vá pegar mais uns 20 clientes. Vai ser simpático com eles, porque alguém foi simpático com ele, também. Aí esses clientes vão ser mais amáveis com os seus empregados, com os balconistas das lojas, até mesmo, com seus próprios parentes. Estes, por sua vez, serão mais simpáticos com as outras pessoas.
“Eventualmente, essa atmosfera de boa vontade pode se alastrar e atingir, pelo menos, umas mil pessoas. Nada mal. Não acha?”
“Mas, você está dependendo desse motorista, para transmitir sua boa vontade aos outros.”
“Não estou”, disse meu amigo. “Estou ciente de que o sistema não é infalível. Hoje, sou capaz de contatar com 10 pessoas diferentes. Se, em cada 10, conseguir fazer três felizes, então, posso acabar influenciando, indiretamente, o comportamento de três mil pessoas ou mais.”
“Parece boa idéia”, admiti, “mas, não estou certo de que dê resultado.”
“Se não der, não se perde nada. O fato de dizer àquele homem que estava fazendo um bom trabalho não me roubou tempo nenhum. Qual o problema, se ele não ligou? Amanhã, haverá outro motorista de táxi para eu elogiar.”
“Acho que você está meio pirado”, disse eu.
“Isso demonstra o quanto você se tornou cético. Fiz um estudo a esse respeito. Por exemplo: que é que falta, além de dinheiro, evidentemente, aos empregados dos correios? É que alguém lhes diga que estão fazendo um bom trabalho.
“Mas, eles não estão fazendo um bom trabalho!”
“Eles não estão fazendo um bom trabalho, porque sentem que ninguém se interessa se fazem ou não. Por que é que ninguém lhes faz um elogio?”
Estávamos passando por um prédio em construção e cruzamos com cinco operários que estavam de folga. Meu amigo parou. “Vocês têm feito um excelente serviço. Deve ser um trabalho difícil e perigoso.”
Os cinco homens olharam-no, meio desconfiados.
“Quando é que esse prédio vai ficar pronto?
“Em outubro, resmungou um deles.
“Ah! Isso é fantástico. Vocês devem estar bem orgulhosos!”
Afastamo-nos. “Não conheço ninguém como você!” disse-lhe eu.
“Quando esses homens pensarem nas minhas palavras, vão se sentir muito melhor e a cidade vai se beneficiar da felicidade deles.”
“Mas, você não pode fazer isso sozinho!” protestei. “Você é apenas um!”
“O mais importante é não nos deixarmos desencorajar. Não é fácil fazer com que os habitantes da cidade voltem a serem amáveis, mas se conseguir convencer outras pessoas a aderirem a minha campanha...”
“Você acaba de piscar o olho a uma mulher bem feiosa”, disse eu.
“Eu sei”, replicou. “Se ela for uma professora, os alunos vão ter um dia fantástico.""

(Art Buchwald - Condensada de “Los Angeles Times”.)

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Triste História Do Ponto Final

Era uma vez um ponto final...



Ele morreu,
mas ninguém nunca se deu conta de que a história acabou!

Lista de Compromissos para 2012;

Mais um ano letivo à frente, desta vez aquele definitivo. Sim, o tão falado terceiro ano.
Decisivo pelo vestibular, faculdade, carreira, e portanto, vida; pelo último ano para aproveitar o ambiente escolar, com professores, alunos e inspetores legais ao redor; pelas várias festas; amizades que ficarão pós-vida-escolar.
Enfim, é um ano decisivo e, portanto, nossos queridos adultos do mundo e, dentre eles -ok, a maioria deles-, os nossos professores, decidiram nos dar uma dica de como aproveitar bem uma rotina, sem cair na rotina. Isto é, para você que está perdido em frente a uma gama de opções e cobranças, saiba o que fazer.
Descobri que vestibulando deve:

- Revisar toda a matéria dada no dia
- Fazer todo o dever de casa e ainda os exercícios semanais valendo nota
- Manter as amizades, porque não se deve deixar morrer aquilo que você demorou tanto pra construir, e vale tanto pra você
- Fazer novas amizades, inclusive, porque nunca é tarde demais para encontrar mais um amigo pra vida toda
- Não deixar a matéria acumular. Vai chegar uma hora que você não vai mais conseguir dar conta da bola de neve!
- Nunca chegar atrasado na escola. No dia do vestibular, um minuto é suficiente para não fazer a prova.
- Fazer as suas atividades, como dançar, jogar bola, correr, ir pra academia... Você precisa relaxar!
- Dar atenção para a sua família. Você não quer ser ausente às pessoas que mais te amam, né?
- Escolher a sua carreira certeiramente. Ninguém pode se dar o luxo de perder anos de vida porque descobriu que a faculdade que fez não é realmente o que quer.
- Tire todas as suas dúvidas. O detalhe que você não entendeu pode te desclassificar em uma prova.
- Não deixe tudo uma bagunça! Mostre responsabilidade ao arrumar o seu quarto, cumprir horários com seus pais, lavar o pratos. Ano que vem você estará na faculdade!
- Ir bem em testes e simulados. Se você não vai bem nem na escola, vai passar no vestibular?
- Continue indo às festas. Não deixe um ano estragar a sua vida social.
- Não se deixe levar pelas opiniões alheias. Pondere sempre.
- Não seja preguiçoso. Use seu tempo de maneira produtiva.
- Durma bem. Ninguém quer chegar ao fim do ano, a época mais importante, cansado.
- Pense na comemoração do final do ano, como viagens e formaturas: não são coisas simples que se arrumam em cima da hora.
- Não esqueça das datas importantes, como aniversários e compromissos, as pessoas ficam chateadas se você esquecer delas.
- Cuide do seu cachorro, gato, hamster, passarinho: caso contrário eles não vão entender se você ainda os ama.
- Saia com o seu namorado, arranje um namorado, ou peguete, tanto faz. Você precisa se permitir aos relacionamentos, para sair do foco da escola.
- Mantenha o foco na escola. Se distrair é um passo para ignorar de vez.
- Não deixe que a pressão te enlouqueça. Tranquilidade e controle é a chave para o sucesso.
- Seja você mesmo. Pessoas manipuladas não alcançam o seu sonho.
- Faça o que você gosta. É importante cuidar do seu bem-estar.
- Não esqueça de se cuidar. Uma aparência desleixada é sempre ruim!
- Não esqueça de ser simpática com o porteiro. Gentileza gera gentileza.
- Nunca deixe a cobrança te deixar de mal humor;
- Mantenha tudo em dia.
- E não esqueça de ser feliz.
Vai!!!


E não esqueça de aprender a multiplicar o tempo, e desfazer paradoxos.
Feliz 2012.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um fim de tarde

Ela estava no seu quarto, seu próprio quarto. Seria uma tarde qualquer, se não fora a sua ansiedade, por tantas coisas que nem mais saberia citá-las todas -sim, ela às vezes sentia-se ansiosa, sem motivo, ou seria também qualquer motivo uma razão para uma possível ansiedade-, e a sua concomitante preguiça de fazer o que deveria. Eventos fora da rotina conferem a essa tarde um quê de destaque. Veja, a rotina não admite ansiedade, muito menos preguiça.
Deveres, deveres, blá, blá, blá. Não.

O sol castigava lá fora, de modo que o ar condicionado já estava a postos, rangendo hora ou outra, e passatempos infantis preenchiam o tempo em que se travava em sua mente o fervoroso debate sobre a tomada da mais importante decisão: o que fazer naquele momento.
Entenda que ela ama música. Entenda que dentro dela borbulhava uma ardente decepção, daquelas recentes, enquanto não se sabe ao certo se é preferível aceitá-la, revoltar-se, ou simplesmente cegar-se a ela. Levantou-se e ligou o som. Nada como ouvir as frases que queria, dessa vez fora de sua mente e ditas por este cantor.

Abrindo o armário, como que mecanicamente, naqueles momentos em que - talvez na ausência de ideias- não se sabe por que decidir, começa a mexer nas gavetas, cabides, roupas.
Minutos depois o chão estaria coberto das suas várias roupas preferidas, minutos depois estaria sentada junto a elas separando-as em pilhas, esquecendo, quem sabe, seus afazeres, sua ansiedade, sua preguiça, a hora, e até mesmo a sua decepção.

Seu quarto era uma combinação perfeita entre os sutis detalhes que deixam um fim de tarde agradável. Pela janela via um azul bonito, e umas nuvens bem macias e reflexos bem cegantes em todas as pinturas claras de prédios ao alcance de sua visão; o ar fresco que a tecnologia lhe permite desfrutar; músicas animadas que o random insistia em trazer; roupas e suas cores ao chão. Ela ao chão, junto às roupas. O som estava mais alto, agora.

Criou-se então em sua mente uma nova cena. Para ela era fácil transferir-se de realidade - todos sabemos como a em que estamos é monótona, às vezes -, e foi o que fez. Não era necessário fechar os olhos para imaginar que todas as roupas seriam novas, que o ar condicionado teria aquele cheiro bom de ar condicionado, que sua cama na verdade eram pufes enormes e confortáveis de uma loja bem bacana, que a música era na verdade tocada pela moça do caixa da loja em que estava, porque sim, estava agora em uma loja de roupas.

A loja era dela. E as roupas também. Só que faltava um detalhe... Onde está o cheiro de loja? Borrifou alegremente uma ou duas vezes um perfume agradável, mas ao mesmo tempo divertido, e continuou a arrumar as pilhas de roupas. Ela se perdeu na imaginação, em tudo, inclusive no tempo, este que, inconveniente, obrigou-a a voltar à sua monótona realidade de antes. Estava atrasada, para variar. Guardou rapidamente seus pedaços de sonho nas gavetas, nos cabides, na caixa de perfume e nos fios desplugados, e foi embora.


O fim de sua tarde havia sido tão bom, que só quando lhe cumprimentou o sono, voltou ao seu quarto, quando pôde sentir o aroma levemente doce do que em algum momento daquele dia havia sido uma loja. O perfume havia ficado, mas o sol já tinha ido embora e o quarto estava escuro. Nessas horas ela era mais lúcida: Eu tenho dezessete anos e brinquei de loja. Borrifei o meu perfume no ar. Qual o meu problema? Saiu do quarto com as luzes apagadas, e, andando pelo corredor, buscando o interruptor para acender as suas luzes, jogou fora a lucidez. Vendo-se no espelho, agora iluminado, Não. Não é um problema.

Seus cabelos cobriam levemente o rosto quando balançava negativamente a cabeça, abaixou o olhar para as suas unhas recém e bizarramente pintadas, e chegou à veemente conclusão de que não era um problema brincar de loja nem borrifar seu perfume no ar, simplesmente para sentir o aroma doce que emanava aquela loja. Ela tinha um problema antes de fazê-lo. Ela tinha alguns problemas, antes de deixar-se levar pela aleatoriedade daquela tarde quente e azul, mas eles foram embora por um bom tempo.

Não é um problema ser criança de vez em quando, não é um problema nem mesmo fazer algumas idiotices, não é um problema fingir não estar vendo a realidade passar, de vez em quando. Principalmente quando você teve alguma decepção. Principalmente porque você pode aprender a congelar a sua realidade por uns instantes. Não é um problema ser você mesmo e fazer o que quiser, principalmente quando ninguém está olhando, e ninguém vai te julgar. Não é um problema ser de novo criança, e ser de novo feliz. Até porque, no fundo, você nunca deixou de ser nenhum dos dois.