No dia do seu aniversário, todos querem o seu bem. Se você for fazer festa, todos te amam. Mas, se você for uma criança (ou pai de uma), todos, além de te amar e querer o seu bem, contam os dias para a sua festa - de barriga vazia. É curioso o comportamento das pessoas em festa de criança.
Outro dia, fui numa festa de um amiguinho da minha irmã, e notei aspectos curiosos dos presentes na ocasião. Na verdade, de todo o evento em si e em geral. Na festa de criança, o mais importante para atrair os convidados é o convite; o personagem em sua capa e a letra em que é escrito. A primeira pergunta que a criança faz é: "Vai ter bicho? Vai ter palhaço?"; enquanto os pais, que aprenderam a fazer certas perguntas apenas no pensamento - mas que ainda podemos ler nas entrelinhas - se perguntam: "Quanto demora? Vai ter comida?"
A animação dos pais é inversamente proporcional à da criança. Quando o filho acha que vai ser chato, cafona, os pais se interessam explendidamente pela ocasião, mas quanto mais o filho idolatra a ideia de ir, mais o pai reza para que chova. Porque o filho lhe lembra da roupa ("vou ter que arrumar..."), dos brinquedos ("será que ele vai se machucar?"), do presente ("vou ter que comprar..."), dos amigos que vão ("quanta criança correndo!"), e de como ele vai se divertir ("eu vou ter que correr atrás. Passar calor. Ai minha Nossa Senhora, me salve dessa.").
Mas o mais curioso mesmo é o comportamente durante o evento. Para cada convidado, vem a família com pelo menos três, para ocupar mesa. A criança mal chega e vai correr, o que obriga a um responsável ir atrás. Os outros dois se encaminham à mesa, e mal sentam olham o relógio. Percorro os olhos pelas mesas e vejo estampado em seus rostos: "Oba, já chegamos meia hora atrasados!", "Calma, mal começou.", "Será que já começaram a servir?", "Que horas acaba mesmo?". E então aquele tédio se apodera de suas almas. A distração é comer por si e pela criança que corre, sorrindo brevemente ao ver o garçom se aproximar.
Como é duro ficar 4 horas em uma mesa! E, pela quinquagésima sexta olhada ao relógio, observei um novo balão de pensamento: "Ei, já está quase na hora do parabéns!". A melhor hora da festa. Pega o filho, reúne à mesa, dá um abraço no aniversariante, deseja felicidades, anos de vida e... Mas onde será que está o bolo mesmo?
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