"The most beautiful discovery true friends make is that they can grow separately without growing apart."
Sentou e deixou que batesse a saudade.
Havia visto todos aqueles desde o começo. Os que choraram em falso e os que choraram verdadeiramente. O começo ou o fim? Preferiu pensar como um começo.
Tudo é um ponto de vista, pensou. Mesmo que tenha sido um fim, houve outro começo, certo? Estando tecnicamente certo, preferia pensar como um começo.
Aqueles que choraram em falso foram sumindo. É engraçado como se manifestaram com a notícia. Fazem um estardalhaço e o comentário se alastra, com olhares de falsa preocupação e um tom de voz que não engana. E com o tempo, tudo se extingue. A notícia, o estardalhaço, a preocupação, o amor, a suposta saudade.
Aqueles que choraram verdadeiramente? Não conseguiram conter a saudade no coração. Ela rebelava-se e descia pelos olhos, como ainda desce em um momento qualquer em que a lembrança seja mais intensa. Aqueles se manifestaram entre os demais que choravam verdadeiramente, botavam para fora todos os arrependimentos, boas lembranças e mágoas. Choravam pelo que um dia puderam ter, e por não terem mais. E choravam por não poder conseguir de volta o que perderam. Choravam porque era a única coisa que podiam fazer naquele momento.
Mas com ele foi diferente. Ele não chorou em falso porque sabia que suas lágrimas saíam não por sua própria vontade, mas pela delas. Ele não se abriu com ninguém, nem os falsos nem os verdadeiros, para contar-lhes o que sentia. Pois a única pessoa que merecia ouvir as palavras não poderia mais fazê-lo.
Não se arrependia, entretanto. Se sente tanta saudade é porque tudo o que passou foi tão bom que o fez assim.
Não se sentia à vontade em dizer a alguém o que não se destinasse ao ouvinte. Até porque isso não faria sentido algum. Os pensamentos que não se podiam conter explodiam em seu pensamento e dele não saíam. Ele se encontrava agora no mesmo canto em que estava quando eles começaram a aflorar.
Imaginou como seria se ainda pudesse tê-lo, ouvi-lo, irritá-lo e ser irritado por ele. E sorriu.
Embora não soubesse porque sorria, já que em seu íntimo o pensamento de não poder mais tê-lo lhe era triste, sorrir foi tão inevitável como as lágrimas que se impuseram a sair, tão inevitável quanto a saudade.
Naquele dia pensou em viver a sua vida imaginando nunca ter tido esse bom e divertido amigo. Mas no segundo seguinte passou a odiar-se pela ideia, pois sua amizade lhe havia feito bem. "Nunca devemos esquecer os amigos", era o que repetira sempre, e por que o faria?
Indignou-se com o destino, que lhes fora tão injusto. Mas o destino nada mais pode fazer, e em sua soberania permaneceu em seu habitual silêncio. Em seus planos e metas ocultas, traçadas pontual e irrevogavelmente.
Indignou-se com os verdadeiros que gritavam palavras ao ar, esperando serem ouvidos. Que tolos, não seriam! Mas não havia por que indignar-se com eles tampouco. Era o jeito deles de demonstrar sua fraqueza em relação à injustiça do destino.
Não tendo mais com quem se indignar, buscou pensar nos motivos do destino. Não os compreendia, mas pensou que se a ele foi dado tanto poder, ele deve saber o que faz. Esperou apenas que o Destino o tivesse levado a um lugar onde possa ser feliz, se ele existir. Desejou em seu íntimo mais felicidade a todos os verdadeiros que dispersavam palavras ao vento. Desejou que o Destino em seu poder os continuasse trazendo a felicidade e a alegria. E desejou que ele, naquele lugar aonde havia sido levado, esteja sorrindo assim como o fazia, mas sem as tantas lágrimas. E que ambos sejam sempre alegres e amigos.
Ainda que não pudessem mais fazê-lo juntos.
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