E tudo parece um lindo jogo.
Tudo parece tão simples do jeito que você enxerga. Objetos são simples quando analisados de cima, e é verdade; quando você joga, eu devo ser a próxima a jogar. Que previsível.
Que linda forma de jogar. Avançando casas sem se preocupar com todo o resto, desesperadamente em rumo à chegada, sem nada a perder. Nada?
Bom, o que se perde quando se ganha um jogo?
Porque é tudo um jogo...
Tudo é um jogo. Tudo é um miserável tabuleiro estirado sobre a mesa, eu sou só as mãos que movem meu boneco sobre ele; eu sou só a mão que lança os dados e pendo à deriva da sorte. Minha sorte, sua sorte.
Não importa mais a minha vontade, quando devo seguir somente e apenas o dado e o tabuleiro. Droga de tabuleiro, droga de jogo, droga de bonecos, droga de mãos. Droga de sorte. Droga de você.
Três casas à frente.
Fique uma jogada sem andar.
Ande duas casas para frente e, em seguida, mova um jogador duas casas pra trás.
Jogos de simples instruções, que, entretanto, minhas mãos não conseguem seguir. Meu personagem não conseguem andar. Poderia correr à chegada, mas a cada vez que ando paro em uma casa tão miserável quanto esse jogo estúpido.
Enquanto você anda. Você segue. Pois bem, tão risível estar cada vez mais perto da chegada, não? Tão bom ganhar.. Vencer, vencer.
Minha vez de lançar os dados.
Não sei se você lembra, mas sou desgovernada. Não sei brincar.
E não sei fingir que a vida é essa brincadeira.
Vou lançar os dados, e por entre meus dedos sairá o meu azar, a nossa sorte.
A sorte que me deixará aqui, parada em onze casas miseráveis, enquanto seu personagem alcança a gloriosa linha de chegada.
Por entre meus dedos rolou a derrota, pelo meu cansaço desisti de competir.
Parabéns, vencedor, você chegou lá.
Minhas mãos desobedientes não precisam mais revoltar-se ao lance de dados.
Agora elas acenarão apenas adeus.
Já podemos guardar o tabuleiro.
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