sexta-feira, 26 de junho de 2009

Início Nem Um Pouco Gigante

É disso que precisamos. É disso que precisamos e não sabemos. Talvez apenas de um dia de sol, uma paisagem bonita, e um pouquinho de amor. 
A felicidade está dentro de cada um de nós, e cabe a cada um descobri-la. 

Olha, querer encontrar a felicidade é que nem na escola: “Eu quero passar.” Claro que sim. Quem não quer? 
Querer não é o bastante. Há diferença entre querer, só por querer, e querer e fazer por onde. Não adianta querer passar, se não sentar a bunda na cadeira e enfiar seu nariz torto no livro fedorento. Isso faz quem realmente quer passar. Deixar para lá o cineminha marcado com os amigos porque a prova é no dia seguinte... 

A felicidade é tão simples. Não precisamos de muito dinheiro pra ser feliz, não precisamos de reconhecimento, não precisamos de aparências, perfumes caros. Precisamos achar lá dentro de nós a felicidade. Aceitar o que não pode ser mudado, e aceitar a si mesmo, principalmente. Mudar o que incomoda, ver como cada erro nos é positivo, na medida em que nos dá sempre chances de seguir em frente e virar a página de uma forma melhor. Encontrar a humanidade em cada defeito. 
E só depende de você. 

Se você é tão exigente consigo mesmo, o que você espera conseguir? É impossível ser tudo de bom ao mesmo tempo. Sim, é impossível
Impossível, dentre diversos caminhos, escolher todos eles e esperar superpoderes para caminhá-los. Não adianta esquartejar-nos e lançar cada pedaço de nós para uma estrada diferente, se não estamos compostos para ser bem sucedidos, com todas as nossas forças. Estaremos divididos. Isso não é legal
No fundo, sabemos quem somos. Sabemos do que gostamos, o que nos é importante e qual caminho é melhor seguir. Então de que adianta você tentar ser alguém que não é, em outros caminhos, se a conquista da felicidade consiste verdadeiramente em ser feliz do jeito que somos?

Há uma certa imagem que a mídia passa de ser bonita. Afinal, o que é ser bonita? Quem criou isso? Você já parou pra pensar que veio algum idiota - ou alguns idiotas, tanto faz – e disse o que é ser bonita? Em alguns países na África, ser bonita é ser gorda. Nos anos 60, eram mulheres com pouco busto. Há algum tempo, era ser esquelética como aquelas modelos. Daí veio a anorexia e a bulimia. Mas eu ainda não entendi por que parar de comer o seu mousse de chocolate delicioso se você está bem nos seus 60 quilos e 1,70m? 

Agora, para ser bonita, você tem que ter músculos e ser razoavelmente magra. Com bunda e peito. 
Na Austrália, onde graças à colonização britânica e à presença absurda de seus descendentes, uma índia americana é gatíssima. 

Agora uma pergunta: e se você tinha peitão nos anos sessenta, mantém a sua saúde em dia nesses países africanos, o seu IMC dava normal, ou agora não tem peito/bunda? 
Resposta: cirurgia?! 
Para quê fugir de quem você é? Se a ideia da cirurgia, nesses casos, seria fugir de quem você é e quem nasceu para ser, na verdade você não vai estar se agradando verdadeiramente. Você não vai estar se reconhecendo com suas imperfeições e qualidades. 
Tenho certeza de que você seria muito mais feliz se peito pequeno fosse bonito do que se tivesse dinheiro para colocar silicone. 
Querido, a moda muda. 
Sabe por quê? Porque as pessoas mudam. Os gostos mudam. 

Quem determina a moda somos nós: consumidores. E se todas as mulheres passarem a achar que celulite é simplesmente um traço de feminilidade? Isso, eu aposto, deixariam todas elas bem mais felizes. Afinal, 99% das mulheres (estatisticamente falando, mesmo) têm celulite, então, porque eles determinaram que celulite é feio?
Quem determina se somos bonitas, normais, únicas em nossas características somos nós, no final das contas. 

Uma coisa que eu achei bem legal foi aquela Campanha Dove para Auto-Estima. Mostrou como acontece a seleção para uma foto aparecer nos outdoors. Eles pegam a mulher, senta ela numa cadeira, tira pêlo aqui e lá, corta cabelo, muda cabelo, alisa cabelo, coloca aplique, pinta cabelo, maquia. Aí, colocam efeitos especiais e tiram uma foto. Editam a foto profissionalmente e modificam até a grossura do pescoço, seguindo fielmente o catálogo de características "bonitas" de um adroide. E, então, essa imagem vai às ruas. Bem grande, como propaganda de algum produto. “Tal produto te deixa muito mais linda!” As inocentes vêem e acreditam mesmo que aquele ser é real. E, pior: tentamos ser como ele. (Talvez até comprando esse tal nãoseioquê que deixou ela assim tão bonita.) 
Esse ser modificado, cortado, puxado, mexido, editado, inventado. Só que não vamos conseguir. Resultado? Baixa auto-estima. Só que o que ninguém sabe é que esse ser aí parecido com alguma pessoa normal foi inspirado em uma, e essa pessoa perambula por aí sem ser reconhecida, porque ela é mais uma de nós, uma pessoa normal, mas que não aparece naquela foto que insistem em mostrar.

Muitas vezes nos levamos a tirar fotos e editá-las para ver se conseguimos ser assim também. E depois de estarmos diferentes, com cabelo baixo, barriguinha e pernão, boca grande e narizinho, colocamos na internet, para todos vermos como somos perfeitas. Mas o que não se vê é que se alguém se apaixonou por aquilo que a foto retrata, está se apaixonando por um ser imaginário. Um ser montado, e não por um ser normal por trás das telas que deseja chegar perto daquelas fotos de famosos. É o que a mídia insiste em mostrar que é o certo. E, afinal, quem contradirá a mídia? 

Nós, claro. 
Bom, era para ser assim. Mas parece que as pessoas ainda não pararam para pensar e descobriram que podemos sim ser felizes com quem somos. 
Talvez essas pessoas devessem ganhar um dia de folga, ir para uma praia, e lá, relaxada, descobrir isso. Ou talvez tudo o que elas precisem para isso é de um dia de sol, uma paisagem bonita, e um pouquinho mais de amor.

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