Eu gosto muito de ver como a natureza se manifesta.
Especialmente os seres mais simples que posso ver, como uma formiga, um passarinho e, principalmente, as plantas.
Uma planta não tem um sistema nervoso complexo; muito menos tantos órgãos tão bem desenvolvidos e elaborados dentro de si. Ainda assim, são capazes de nascer, crescer, procriar, e morrer.
Nesse meio do caminho entre o chegar e partir, conseguem exercer seu papel. Modificar a composição química do solo, do ar, servir de alimento, sombra, abrigo.
E elas não estão preocupadas, e nem podem.
Olhando esses seres, que simplesmente fluem no ritmo da vida, que parece estar impresso no seu fluido vital, eu lembro muito daquela passagem, “Olhai os lírios do campo.”
Os lírios não se preocupam, e nem podem, e ainda assim cumprem seu papel na natureza. Nós, ainda mais complexos, por que não o teríamos capacidade de realizar? Nós, igualmente pertencentes à natureza, por que não haveríamos de cumprir nosso papel na existência, simplesmente por fazer parte dela e deixar nossas pegadas?
Quando eu me sinto pequena, eu gosto de ver as coisas ainda menores do que eu. O que foi uma rocha hoje é areia, e nem por estar despedaçada perde sua importância.
A areia que já foi uma rocha sabe a dureza de ser uma rocha, e também sabe a fluidez que é ser grão; absorver, moldar-se, ocupar todo o canto e ir com o vento. E está tudo bem.
Hoje a areia é pequena. No entanto, embora sua pequenez, cumpre seu papel, e deixa o pedaço de mundo ao qual pertence diferente com a sua existência. Já foi rocha, já foi areia, e tudo na vida segue sendo um processo.
Não importa o que aconteça.
As pessoas continuam passando nas ruas, o vento continua ventando, o sol nasce e morre a cada dia.
E está tudo bem.
É preciso ter olhos de olhar os lírios do campo.
Os grãos de areia.
E o sol em nós,
que nasce e morre,
um pouco
e de novo,
a cada dia.
E também o seu brilho que continua o mesmo,
apesar dos dias.
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