E eu que há anos me dizia romântica.
Mas agora que aprendi sobre o Romantismo, posso dizer, sou tudo, menos romântica.
Porque os românticos são mórbidos.
Os românticos passam tanto do seu tempo apaixonados por uma idealização, que acabam por não se apaixonar por nada real.
E esperam na morte a sua realização.
Quer dizer, qual é a graça de viver toda uma vida pensando em morrer?
Sou a maior defensora dos sonhos. Mas será que sonhar é bom ao ponto de tudo tornar-se tão perfeito e idealizado que nada mais é bom?
Será que sonhar é bom quando, ao abrir os olhos, tudo o que vir for decepção, ao perceber que nada do que estes vêem é bom o bastante, e tudo aquilo visto quando fechados é tão perfeito quanto inatingível?
Não seria viver em uma angústia?
"Os românticos são saudosistas, e para eles o tempo bom ou é o futuro, ou o passado. Nunca o presente.
"Eles alimentam uma idealização tão forte que é perceptível que nunca será atingível em vida. Por isso encontram seu prazer na morte."
Prazer. Na morte.
Que coisa mórbida.
Que coisa triste.
Mórbida, por passar uma vida pensando na morte. Mórbida, por alimentar sonhos que voam tão alto, sonhos estes que não ajudam a traçar metas, mas destruir a beleza de algo real. Por ser tão perfeito, tão surreal, que a realidade é a amostra da desgraça aos olhos românticos.
E triste, por viver uma constante decepção. Por amar tanto o imaginário, que se bloqueia o coração ao que pode amar e ser amado. Triste por passar a vida pensando em coisas maravilhosas, mas que nunca serão ditas nem vividas.
Triste por acabar não vendo passar o mais maravilhoso que nos foi dado, por estar ocupado demais sonhando de olhos fechados e esperando pelo seu fim. E daí, quando ele efetivamente chegar, já será tarde demais.
Porque se alguém abrir seus olhos, eles já não verão mais nada.
Eles brilharam tanto, mas o fizeram fechados, assim ninguém os pôde ver.
Eles viram tanto, mas situações e seres inventados e inatingíveis, assim não puderam ver as belezas reais. Tão cegos por lágrimas de decepção que não puderam procurar soluções para os problemas.
Os românticos, ao encontrarem uma rosa, a querem vermelha, como a paixão.
A querem no peitoril da mais bela sacada, servindo pólen às mais astutas abelhas.
Abelhas estas que produzirão o mais fino mel que adocicará os lábios da bela e pura donzela que virá a desposá-los.
Já sabem exatamente como ela será, como ela se vestirá, como ela se comportará nas mais desaventuradas situações.
Se eu encontrar uma rosa, a pegarei, sendo ela vermelha ou não.
A regarei, para vê-la crescer, na minha mesinha.
E quem sabe algum dia a darei a alguém que as ache bonitas.
Mas não, os românticos encontram a beleza na morte.
Encontram a beleza em tudo aquilo que não é real.
Sendo os Românticos assim,
eu não sei bem quem eu quero,
Mas não quero um romântico pra mim.
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