domingo, 16 de novembro de 2014

Adaga do Silêncio

Se for pra ferir, que firas profunda e friamente, de um só ímpeto, com tua adaga, e me deixes sangrar vendo tuas costas.
Se for pra ferir, que sejas cruel e forte, que desenhes uma chaga em minha pele, e depois nunca mais vejas como é cicatrizar.
Se for pra ferir, fere-me e deixa-me, relegada ao silêncio eterno.
Se for pra ferir, não abras minha pele de pouco em pouco, não evites a hemorragia, não me beijes para sarar. 
Não voltes, não vejas cicatrizar, não rasgues meu corpo cuidadosamente, como quem ainda tem por que zelar.
Se for pra ferir, saca tua adaga e perfura minha carne: sou toda carne, entregue.
Se for pra ferir, fura, de olhos abertos.
Se for pra ferir, deixa-me cicatrizar.
Sozinha.
Dá-me teu adeus, e faze esse sangue valer.

Nenhum comentário: