domingo, 4 de agosto de 2013

O Vento

Mais uma vez o vento passou, desarrumou tudo na varanda.
O vento bateu no vidro, balançou a gaiola e o passarinho, o vento abriu o portão;
Ele arrastou as colchas, balançou a rede, bateu nas árvores e acariciou a grama.
O vento passou forte pro cachorro que latiu, leve pro gato que caiu de pé do salto, assustado; frio pro indigente, e ameno pro agasalhado.
O vento passou e bagunçou tudo...

A dona de casa correu pra acalmar o caos, a criança olhou à janela, o passarinho piou;
O vizinho avisou, as colchas foram recolhidas, a rede ficou balançando...
O cachorro correu, o gato se ofendeu, o indigente se encolheu, o agasalhado suspirou.
E a grama? A grama sempre continuou a mesma... 
A árvore, verde.
E, do vento que bagunçou tudo hoje, amanhã nenhum deles se lembrará mais.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Borboletas no Estômago

Ele já se achava velho.... Embora tivesse optado por deixar-se viver de novo as criancices do amor.
Porque, sim, permitir-se ao amor era permitir-se ser jovem de novo. Aquela juventude que se entrega sem receios, aquela que sorri ao vento, que relembra vozes antes de dormir e coleciona borboletas no estômago. 

Ah! Meu amor... Tudo estava tão colorido, novamente... Porque jogaste água sobre nosso papel? Porque colocaste o espelho frente às rugas de meu coração?
Fizeste dos meus olhos água, de minhas vísceras, pedra, de mim, um velho, novamente.
Meu amor... Não sabes como é tão mais complexo enxergar as reviravoltas da vida com olhos de poesia? Não sabes que o que sinto, escrevo, e o que escrevo, grita?

Ele realmente era um velho, e o redescobrira. Arrancou sua poesia manchada, amassou-a, com rancor. Jogou-a fora, não sem tê-la fitado, perdido, antes; arremessou-a fora. Fechou seu caderno em ímpeto, trancou suas canetas, em uma promessa: nunca mais tentará enganar o tempo. Não serei nunca novo, de novo.

domingo, 26 de maio de 2013

Goodbye
Should be sayin' that to you by now, shouldn't I?
Layin' down the law that I live by
Well maybe next time

I've got a thick tongue
Brimming with the words that go unsung
Simmer then the burn for a someone
A wrong one

And I tell myself to let the story end
My heart will rest in someone else's hand
My 'why not me?' philosophy began
And I say

Ooh, how'm I gonna get over you?
I'll be alright, just not tonight
Someday, oh I wish you'd want me to stay
I'll be alright
Just not tonight
Someday

Maybe is a vicious little word that can slay me
Keep me when I'm hurting and make me
Hang from your hands

Well, no more,
I won't beg to buy a shot at your back door
If I make it at the thought of you, what for?
It's not me anymore

And I'm not the girl that I intend to be
I dare you darling, just you wait and see
But this time not for you but just for me
And I say

Ooh, how'm I gonna get over you?
I'll be alright, just not tonight
Someday, oh I wish you'd want me to stay
I'll be alright, just not tonight
But someday

Say it's coming soon
Someday without you
All I can do is get me past the ghost of you
Wave goodbye of me
I won't say I'm sorry
I'll be alright once I find the other side
Of someday

Ooh, how'm I gonna get over you?
I'll be alright
Just not tonight
Someday, oh I wish you'd want me to stay
I'll be alright
Just not tonight
Someday

sábado, 20 de abril de 2013

Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...

Mario Quintana

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Caras

O que seria do Cara sem a Coroa?
Que resta da luz, senão o escuro?
Que é do silêncio, sem sua voz?
Que ficou da noite, senão outro dia?

Poesias deixadas à margem, em estrofes cuspidas ao vento
Letras que voam, frases que correm para uma expressão
Que ficou do poeta, senão o papel?

Tique, tique, ah! Taque,
vou-me embora,
O que resta dos opostos?

quarta-feira, 6 de março de 2013

Polimento

Engraçado como é o tempo, dúbio. Não se sabe se traz o bem, se faz o mal, se nada muda, se renova. Alcança o passado como gotinhas miúdas de água alcançam uma foto. De primeira, tenta-se recuperar a foto, enxuga-se a água, e lá está ela, a lembrança, perfeita novamente.
O tempo é incessante, e assim se faz gotas insistentes nos papeis revelados da memória, que, aos poucos, vai cedendo em cores, formas, cheiros, sentimentos. Desbotando vestidos, abafando risadas, ocultando caretas e diluindo odores.
Gradualmente, o tempo vai destroçando as memórias da forma mais cruel, de modo que, um dia, tudo aquilo que um dia teve cor, intensidade e vividez torne-se vago a ponto de tornar-se insignificante, para que, então, torne-se nada.
Destroça as memórias, por outro lado, também, da forma mais lúdica, de modo que, ao se querer preservar um aspecto daquelas, se possa proteger com uma redoma a área que as gotas não podem afetar. Eis então que o tempo passa, e com ele leva todo o resto das lembranças, deixando apenas a parte que se é agradável recordar, protegida pela redoma.
De uma forma ou de outra, a foto nunca mais será a mesma. A irrefutável passagem do tempo arrasta impiedosamente tudo aquilo que um dia juramos nunca esquecer. Arrasta consigo tudo aquilo que juramos querer esquecer e não conseguir. Arrasta consigo tudo aquilo que um dia virou memória...
As gotas caem e, por mais que a nossa redoma mantenha-se lá, esta também se enfraquece, deixando-se abalar, deixando-se ceder. Ora, o tempo apaga tudo. Isso traz sua dubiedade, se é bom ou se é mau, leva tudo sem restrições.
Chega o dia em que percebemos o estado das nossas fotos, e corremos à paisagem original para relembrar a antiga, mas com tristeza vemos, então, que nem a paisagem já é mais a mesma. O tempo levou a paisagem também.
Ou simplesmente aceitamos, deixamo-nos lavar. E vemos, aos poucos, nossas fotos desbotarem, desvanecerem e perderem todo o sentindo e contexto, até que já nem nos importemos mais. Até que as deixamos virar branco.
Porque, senão isso, nada mais há a se fazer.

O tempo vai, o tempo vem, e leva. Leva tudo. Enxágua tudo. Já não se sabe se é bom ou mau, mas sabe-se que é. E sabe-se que continuará sendo.
Engraçado como passa, engraçado como é soberano. Há de vir e me fazer esquecer, há de vir e me fazer rever o novo velho, há de passar e me fazer rascunho. Há de existir a cada dia, nos ensinando, aos poucos, a dádiva de saber esquecer.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Afora

Meus olhos fitam o relógio como se cada minuto que passa fosse me aproximar de você... Fixam-se em uma tela como se dela você pudesse surgir e me sorrir outra vez.
Ah, meus pés percorrem as ruas como se em cada esquina pudessem cruzar os seus, minhas pálpebras caem como se no escuro de minha mente a saudade pudesse morrer.
Meus dedos tamborilam, pernas inquietas, braços impacientes, onde está você?

Meus olhos fitam o relógio como se cada minuto fosse me acender uma luz. Fixam-se em uma imagem que me sorri... Mas é irreal. Aonde fora? Não quero sorrisos por trás de minhas pálpebras. Mas quando as abro só vejo os segundos.. Minutos, e horas.
Ah, meus pés ainda percorrem as ruas... Minhas pernas estão cansadas. Onde está você?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hallelujah

I've heard there was a secret chord
That David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this, the fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah

Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to a kitchen chair
She broke your throne, she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

Maybe I've been here before
I know this room, I've walked this floor
I used to live alone before I knew you
I've seen your flag on the marble arch
Love is not a victory march
It's a cold and it's a broken Hallelujah

There was a time you let me know
What's real and going on below
But now you never show it to me, do you?
And remember when I moved in you?
The holy dark was moving too
And every breath we drew was Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

Maybe there's a God above
And all I ever learned from love
Was how to shoot at someone who outdrew you
It's not a cry you can hear at night
It's not somebody who's seen the light
Its a cold and its a broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

E agora?

E agora que o dia acabou?
E agora que o sol já se pôs, e a saudade me atormenta?
E agora, que só me resta entregar-me ao tempo?
E agora que não sei o que fazer...?

E agora, que estou aqui e você lá?
E agora, que percebo que sou impotente?
E agora, que só penso em loucuras?

Agora, que nada mais está no lugar, ainda há como se encontrar?
Posso te encontrar?

Agora?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

I am done
We've lost it all, the love is gone
And this is tragic
You couldn't keep your hands to yourself

I feel like our world's been infected
And somehow you left me neglected
We found our life's been changed
Babe, you lost me

And we tried, oh how we cried
We lost ourselves, the love has died
And oh, we tried, you can't deny
We're left as shells, we lost the fight

Now I know you're sorry and we were sweet
But you chose lust when you deceived me
You'll regret it but it's too late
How can I ever trust you again?

You lost me.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

The Starting Line


This town was a lovers stage, but now you can’t recognize
The street lights that are daggers to your eyes

You can’t find your bearings, you’re slipping into the ground
This scene has no color and no sound

You still believe in me, after the things I’ve done,
You fear for what we have become

The ground is uneven, we stumble from day to day
Took shelter where it’s easy,
I know your feet are like lead but you’ve gotta get on the way.

Drag your heart up to the starting line,
Forget the ghosts that make you old before your time
It’s too easy to get left behind.
I know you’ve been kicked around,
But tie up your thoughts and lay them down on me

Each heart is a paper kite blown around by the breeze,
But love won’t rest till it brings you to your knees.

Some find it easy, some will never even know,
You think you’ve done your journey
Then you stumble and burn but there’s such a long way to go.

Drag your heart up to the starting line
Forget the ghosts that make you old before your time
It’s too easy to get left behind
I know you’ve been kicked around,
You wanna be lost and not be found,
Let’s take the back way into town
And drink to the bad times, lay them down on me.

Girl I still believe in you, you’re too good to fall so low
We’re gonna find a better life I know
Things will be clearer, and soon as we make a start,
We’ll be that much nearer
We’re too old to just stand here waiting to break apart

Drag your heart up to the starting line
Forget the ghosts that make you old before your time
It’s too easy to get left behind,
I know you’ve been kicked around
But tie up your thoughts and lay them down on me, on me, on me.

Mudar de Assunto

Eu queria gritar com todo o ar dos meus pulmões o que minha mente insiste em deixar ecoar. Esse silencio me sufoca... As palavras que se embolam e amontoam na garganta, que as prende, acabam me estrangulando por dentro.
Há uma interconexão de todos os sentidos, que se confundem na ausência de direção por qual seguir. Não porque não exista essa direção, mas porque não a deixo emergir. Não pode. Não deve. Talvez não deva... Deve?

Meus sentidos estão confusos demais para orientar-me. Esse eco é enlouquecedor. Mas não posso deixar esvair-se. Seria me dada a permissão?
Enquanto isso, eu me coloco aqui, nesse lugar despretensioso de quem não tem nada efetivo a dizer. Casual. 
Que situação patética.


A verdade é que eu tenho muito, muito a dizer. Só que sei que não poderia fazê-lo, seja por inconveniência, ou incapacidade. Ambos, talvez.

A inconveniência frustra os sentimentos emaranhados, busca abafar o eco. A incapacidade resigna-se.
Ainda tenho muito a dizer.
Muito a dizer...
Dizer...

Vamos mudar de assunto.