( Os Contos de Beedle, o Bardo - J.K. Rowling )
Achei um resuminho que eu tinha feito um tempo atrás desse conto. Vale a pena ler o livrinho. :)
Uma vez por ano, (...) um único infeliz recebia a oportunidade de competir para chegar à fonte, banhar-se em suas águas e ter sorte a vida inteira.
Três bruxas (...) contaram umas às outras suas tristezas enquanto esperavam o sol nascer.
A primeira, cujo nome era Asha, sofria de uma doença que nennhum curandeiro conseguia eliminar. Ela esperava que a fonte fizesse desaparecer os seus sintomas e lhe concedesse uma vida longa e feliz.
A segunda, cujo nome era Altheda, tivera sua casa, seu ouro e sua varinha roubados (...). Ela esperava que a fonte a aliviasse de sua fraqueza e pobreza.
A terceira, cujo nome era Amata, fora abandonada por um homem a quem amava profundamente, e acreditava que seu coração partido jamais se recuperaria. Esperava que a fonte aliviasse sua dor e saudade.
Apiedando-se umas das outras, as três mulheres concordaram que, se lhes coubesse a chance, elas se uniriam e tentariam chegar à fonte juntas.
O primeiro raio de sol rasgou o céu, e uma fresta se abriu no muro. Plantas rastejantes do interior do jardim serpearam pela massa ansiosa e se enrolaram na primeira bruxa, Asha. Ela agarrou o pulso da segunda bruxa, Altheda, que segurou com força as vestes da terceira bruxa, Amata.
E Amata se enredou na armadura de um cavaleiro de triste figura que montava um cavalo esquelético.
[...]
Asha e Altheda se zangaram com Amata, que, acidentalmente, trouxera junto o cavaleiro.
[...]
Ora, o Cavaleiro Azarado, como era conhecido nas terras além-muros, observou que as mulheres eram bruxas e, não sendo ele dotado de magia, nem de grande perícia (...), nem de nada que o distinguisse como homem não mágico, ficou convencido que não havia esperanças de chegar à fonte antes das três mulheres. Anunciou, portanto, sua intenção de sair do jardim.
(...)Amata se aborreceu também.
- Medroso!- ela o censurou. - Desembainhe sua espada, Cavaleiro, e nos ajude a atingir a nossa meta.
E, assim, as três bruxas e o infeliz cavaleiro se aventuraram pelo jardim encantado (...). Eles não encontraram obstáculo algum até alcançar o sopé do morro em que se erguia a fonte.
Ali, enrolado na base do morro, havia um monstruoso verme branco, inchado e cego. À aproximação do grupo, ele (...) proferiu as seguintes palavras:
"Paguem-me a prova de suas dores"
O Cavaleiro azarado sacou a espada e tentou matar o bicho, mas a espada se partiu. Então Altheda atirou pedras no verme, enquanto Asha e Amata experimentaram todos os feitiços que poderiam subjugá-lo ou hipnotizá-lo, mas o poder de suas varinhas não foi mais eficaz do que a pedra da amiga ou a espada do cavaleiro (...).
O sol foi subindo sempre mais alto no céu e Asha, deseperada, começou a chorar.
Então o enorme verme encostou o focinho no rosto dela e bebeu suas lágrimas. (...) deslizou para um lado e sumiu por um buraco no chão.
(...) começaram a subir o morro, certos de que chegariam à fonte antes do meio-dia.
A meio caminho da subida íngreme, porém, eles encontraram palavras gravadas no chão.
"Paguem-me os frutos do seu árduo trabalho"
O Cavaleiro Azarado apanhou sua única moeda e colocou-a na encosta relvada, mas ela rolou para longe e se perdeu. As três bruxas e o cavaleiro continuaram a subir, e, embora tivessem andado durante horas, não avançaram um único passo; o topo continuava distante e a inscrição permanecia no chão diante deles.
[...]
- Coragem, amigos, não fraquejem! - gritava ela, enxugando o suor do rosto.
(...)correram para o alto o mais rápido que puderam, até que, por fim, avistaram a fonte, refulgindo cristalina em meio a árvores e flores.
Antes de alcançá-la, no entanto, encontraram barrando o seu caminho um riacho (...). No fundo da água transparente havia uma pedra lisa com as seguintes palavras:
"Paguem-me o tesouro do seu passado"
O Cavaleiro Azarado tentou atravessar o curso d`água flutuando sobre seu escudo, mas afundou. As três bruxas o tiraram de dentro do riacho e tentaram saltar por cima da água, mas o riacho não as deixou atravessar (...).
Eles começaram, então, a refletir sobre a mensagem na pedra, e Amata foi a primeira a compreendê-la. Apanhando a varinha, apagou da mente todas as lembranças dos momentos felizes com o seu amor desaparecido e deixou-as cair na correnteza. O riacho as levou para longe, deixando aparecer pedras planas e, finalmente, as três bruxas e o cavaleiro puderam atravessar em direção ao topo do morro.
A fonte refulgiu diante dos quatro, (...) e chegou a hora de decidir qual deles iria se banhar.
Antes, porém, que chegassem a uma conclusão, (...) Asha tombou no chão. Exausta com o esforço da subida, estava à beira da morte.
Seus três amigos a teriam carregado até a fonte, mas Asha, em agonia mortal, lhes pediu que não a tocassem.
Então Altheda começou a colher as ervas que julgasse mais úteis, misturou-as na cabeça de água do Cavaleiro Azarado e levou a poção à boca de Asha.
Na mesma hora, Asha conseguiu se pôr de pé. Além disso, todos os sintomas de sua terrível enfermidade tinham desaparecido.
- Estou curada! - exclamou ela.- Não preciso da fonte; deixem Altheda se banhar!
Altheda, porém, estava ocupada colhendo mais ervas em seu avental.
- Se fui capaz de curar essa doença, posso ganhar muito ouro! Deixem Amata se banhar!
O Cavaleiro Azarado (...) indicou a fonte a Amata, mas ela sacudiu a cabeça. O riacho tinha lavado todos os seus desapontamentos de amor, e ela percebia agora que o antigo amado fora insensível e infiel, e que era uma grande felicidade ter se livrado dele.
- Bom Cavaleiro, o senhor deve se banhar, em recompensa de toda a sua nobreza! - disse ela ao Cavaleiro Azarado.
Então ele (...) se banhou na Fonte da Sorte (...).
Quando o Sol se pôs no horizonte, o Cavaleiro Azarado se ergueu das águas sentindo-se glorioso com seu triunfo, e se atirou, ainda vestindo a armadura enferrujada, aos pés de Amata, a mulher mais bondosa e bela que já contemplara. Alvoroçado com o bom sucesso, pediu sua mão e seu coração, e Amata, não menos feliz, percebeu que encontrara um homem que merecia os dois.
As três bruxas e o cavaleiro desceram o morro juntos, de braços dados, e os quatro levaram vidas longas e venturosas, sem jamais saber nem suspeitar que as águas da fonte não possuíam encanto algum.
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