quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Tempo.

Ele é uma criança.
E assim corre, como a água, vital e líquida.
A brisa: Momentânea, inevitável.
Não há opções. Ele se irá. Irão-se todos.

Por vezes ela achou melhor correr atrás. Segui-lo.
Ela achava. Ainda achava que amá-lo pelo momento era a solução de perpetuá-lo
Mas ela se enganava.
Ele era imperpetuável, ainda que infinito.

Ela deu todo seu amor; Tentou agarrá-lo. Por entre os dedos ele se foi.
Como a água, a que não se pode ater.
E gradualmente desvanecia, como uma velha fotografia, que passa a restar apenas na lembrança.
Ela lutava para não esquecê-lo. Anotou.
Magoava-se a reler sua anotação e constatar que, cada vez mais, a lembrança estava menos nítida. Faltavam-lhe detalhes.

Por vezes ela pensou que seria inevitável deixá-lo ir.
Por vezes ela também acertava.
Chorou. Chorou por pensar em como o que fora tudo tornou-se nada.
Como até as melhores fotos desbotam.
Como os melhores perfumes se perdem no ar,
e como até as mais lindas flores murcham.

Ela cresceu. E cansou-se de chorar.
Cansou-se de tentar segurá-lo, e vê-lo, invariavelmente, esvair-se por entre seus dedos.
Não cansou-se dele, entretanto. Ele fora tudo.
Tudo que tivera, tudo que terá.
Ela tentara tudo.
Ela fora tudo.

Tudo que conseguira, que pudera.
Até as mais belas fotos se desbotam.
Ela cresceu. E aceitou, pela primeira vez.

Ele fora tudo, mas um dia será nada.
Ora, tudo que fora tudo será nada um dia.
Conformou-se, pela primeira vez.
Já sorria para seus dedos que por vezes tentaram agarrá-lo, pará-lo.
Eles lhe foram tudo.

E algum dia serão nada.

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